Em
minha época de adolescência era comum meninas colecionarem figurinhas
"Amar é...". Geralmente essas figurinhas tinham o desenho estampado
de um casal sem roupas e apresentavam pensamentos sobre o amor. Pela
internet ainda é possível encontrar alguns exemplos. Lembro aqui pelo
menos de
três com os seguintes pensamentos sobre o amor:
Amar é... um sonho que se torna realidade.
Amar é... um Paraíso!
Amar é... ter a química certa.
É
muito comum nos dias de hoje, configurarem o amor num formato
romanceado, com muitas cores, flores e perfumes. Pensa-se no amor com
todo o seu encanto, com toda a sua beleza e magia. Contudo, o amor não
pode ser resumido em apenas um sonho ou um Paraíso ou ainda a química
certa, pois o amor tudo sofre (1 Coríntios 13.7), o
amor também atravessa por
águas agitadas ou em túneis escuros. Com isso, está sendo dito que o
caminho do amor nem sempre é fácil ou tranquilo, todavia continua sendo
amor.
No
pensamento de Paulo, enquanto ele trocava figurinhas sobre o amor com
os cristãos de Corinto, não existia nenhuma ideia masoquista. Em
hipótese alguma o amor tem prazer na dor ou no sofrimento. Mas, para o
apóstolo, o amor tem a capacidade de "aguentar" a pressão das
dificuldades, tem força para "suportar" o peso da crise e poder para
"tolerar" até mesmo a dor de uma decepção. Em outros termos, o amor não é
frouxo nem covarde diante das adversidades e dilemas da vida.
Na
obra redentora, vemos Jesus suportando toda humilhação, vergonha e
sofrimento do Calvário. Se Ele quisesse se ver livre de toda aquela
situação, bastaria que clamasse ao Pai e uma legião de anjos viria
socorrê-Lo. Mas, o amor O manteve na Cruz. De outro modo, não haveria
esperança para a humanidade. É com o exemplo do amor de Cristo que
melhor o ser humano pode compreender o significado do amor que tudo
sofre: o amor que não desiste, não abandona nem desampara.
Para
os dias de hoje, com muitas mensagens de autoajuda, cura, libertação,
prosperidade e milagres, faz-se necessário lembrar que na vida nem tudo é
fácil ou confortável. Nem sempre as coisas acontecem como queremos,
sonhamos ou desejamos. Precisamos estar preparados também para os dias
difíceis. O apóstolo Paulo registrou: "Porque a vós vos foi concedido,
em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele"
(Filipenses
1.29). O interessante que o próprio Senhor Jesus disse a respeito de Paulo: "E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome" (Atos 9.16).
O
amor verdadeiro tudo sofre. O amor verdadeiro está disposto a pagar um
alto preço. O amor sonha, mas também é realista. O amor é um Paraíso,
mas também sabe passar por tempestades. O amor tem a química certa, mas,
quando não há essa química, ele não explode. Paulo amou muito a Jesus
Cristo e o Seu santo evangelho. Contudo, sua jornada não foi nada fácil.
O apóstolo foi perseguido, sofreu açoites, prisões, injúrias e, segundo
a tradição
cristã, foi até mesmo decapitado. Apesar de tudo, não esfriou, não
desvaneceu, não fracassou no amor. Paulo amou até o fim. É esse tipo de
amor que precisamos conhecer e viver. Muito
mais do que flores, presentes, poesia ou música, o amor autêntico é
aquele que consegue atravessar os vendavais da vida com força,
determinação e graça.
Pr. Adriano Xavier Machado
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